Quem somos nós!

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento". (Clarice Lispector)

Organizadores

Gisele Geane Diniz


Jairo Almeida de Morais


Luciana Machado Benites


Michael Pereira de Souza


Acadêmicos do 7º semestre, do curso de Geografia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados.


*Contribuições*

GEOSSISTEMAS: SlSTEMAS TERRITORIAIS NATURAIS

   A evolução da Geografia Física, de uma disciplina que nomeava o conjunto de disciplinas curriculares ou que se limitava à descrições regionais compartimentadas em tópicos referentes à cada componente do meio físico, para uma prática de compreensão das relações existentes entre os sistemas territoriais naturais (geossistemas) mostra a importância da formulação teórica de uma ciência que pode dar o "pano de fundo" para a gestão ambiental.
   A teoria de geossistemas surgiu, na escola russa, de um esforço de teorização sobre o meio natural com suas estruturas e seus mecanismos tal como existem objetivamente na natureza. A base dessa teoria corresponde ao conceito de que as geosferas terrestres estão interrelacionadas por fluxos de matéria e energia. O reflexo dessa interação na superfície terrestre é a existência de uma geosfera complexa (Esfera fisico-geográfica) que comporta a forma geográfica do movimento da matéria.
   Paralelamente ao desenvolvimento da análise geossistêmica, outras abordagens fisicogeográficas integradas, preconizando a análise sistêmica, foram elaboradas originando diferentes escolas para o estudo das paisagens. No conjunto, todas as abordagens de uma Geografia Física integrada, a partir da década de sessenta, revelam uma retomada dos estudos relacionados com a caracterização, estrutura e dinâmica das paisagens.
   A abordagem geoecológica, por exemplo, desenvolvida na Alemanha Oriental agrega uma dimensão espacial ao ecossistema e seu enfoque é geobiocenológico; fornece um método de regionalização ecológica e seu enfoque é antes biogeográfico do que fisico-geográfico integrado. Isso a diferencia da abordagem geossistêmica.
   A conexão entre ecossistema e geossistemas é, freqüentemente, essencial para a compreensão do papel desempenhado pela biota na construção energética do meio geográfico e de algumas de suas regiões. Exatamente por isso os ecossistemas são de grande interesse para o geógrafo. Representam em seu conjunto, uma enorme e muito complicada instalação energética no espaço geográfico.
   A noção da existência objetiva dos fenômenos territoriais naturais mostra que o materialismo dialético desempenhou um papel essencial na formulação teórica do geossistema. Segundo essa concepção a forma do movimento geográfico da matéria dá a dimensão espacial ao fenômeno. A formulação teórica desse postulado nos ensina a ver que cada fenômeno tem a sua dimensão espacial. Assim o espaço é prioridade dos objetos geográficos, é inerente aos sistemas territoriais naturais.
Como ciência dos geossistemas - sistemas territoriais naturais, a Geografia Física tem potencialidades para trazer soluções para os problemas de degradação ambiental e orientar os estudos de avaliação de impactos antrópicos na natureza e o planejamento de ocupação e exploração de recursos naturais. É preciso apresentar os geossistemas locais e regionais, para os especialistas das equipes multidisciplinares e interdisciplinares que trabalham com análise ambiental e avaliação de impactos no meio ambiente.
   Enfim, a Geografia Física, tendo reconhecido sua base teórica, é a ciência da organização espacial dos geossistemas; a que fornece as bases para a compreensão da natureza, apresentando-a como o "locus" dos sistemas de atividades humanas.

Bibliografia: RIBEIRO DE MELO, Dirce. Professora da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Instituto de Geociências – IGC; Dept° de Geografia.
http://wwwgeotecnologias/Texto Geo\dirce_geossistema.htm. Acessado em 15/06/2010 às 19:25 hs.

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Represntações Computacionais do Espaço: Um Diálogo entre a Geografia e a Ciência da Geoinformação
   Existem diferentes teorias do espaço geográfico podem representar um ponto de partida para o estabelecimento dos fundamentos epistemólogicos da Ciência da Geoinformação e para a concepção de uma nova geração de GIS.
   A tecnologia de sistemas de informação geográfica evoluiu de maneira muito rápida a partir da década de 70. Não há um corpo básico de conceitos teóticos, que sirva de suporte para o aprendizado da tecnologia, mas uma diversidade por vezes contraditória de noções empíricas.
   Para estabelecer as bases espistemológicas da Ciência da Geoinformação, será preciso, identificar as fontes de contribuição teórica nas quais poderemos buscar bases para a reflexão. Apesar de seu caratér interdisciplinar, o fundamento básico da Geoinformação é a construção de representações computacionais do espaço.
   A base da Geografia Quantitativa é a busca da aplicação do método hipótetico-dedutivo que caracteriza as ciências naturais nos estudo geográficos.
   A lógica subjacente ao método hipótetico-dedutivo é a de que existe uma realidade externa à nossa existência, e esta realidade poe ser capturada (ainda que de forma aproximada) utilizando os princípios da lógica e da matemática. Através de estudos e análise, os fenômenos podem ser explicados através de teorias científicas, que devem ser passíveis de esperimentação e portanto, de refutação.
   Na  perspectiva da Geografia Quantitativa, é preciso construir modelos a ser utilizados verificados e avaliados com dados de campo a partir de técnicas estatísticas.
   A ênfaze da Geografia Quantitativa no uso de grandezas mensuravéis para caracterização do espaço geográfico vem sedo objeto de fortes críticas nas últimas duas décadas. Avisão de uma nova escola então chamada de Geografia Crítica é ainda motivada pelo contexto de uma diferenciação ideológica. Para os críticos, a base da Geografia Crítica é a filosofia marxista na construção de seus conceitos. 
   Em especial, Milton Santos é um dos geógrafos mais empenhados em apresentar novos conceitos de espaço geográfico. Santos dá ênfase ao papel da tecnologia como vetor de mudanças da sociedade e condicionante da ocupação do espaço, no que denomina o "meio técnico-científico-informacional". Apesar de enfatizar a contribuição da tecnologia para a Geografia, Santos não examina em detalhe o problema do uso direto de ferrementas tecnológicas como GIS em estudos geográficos. Mesmo assim, seu conceitos são extremamente relevante para a definição de uma epistemologia da Ciência da Informação Espacial.
   Pode-se afirmar que as técnicas atuais de Geoprocessamento não conseguem resolver de forma plena as dualidades forma-função e estrutura-processo, pois o suo de representações computacionais geométricas e de modelos funcionais sempre implica numa materialização das noções de espaço. Estas dualidades forma-funação e estrutura-processo apontam para deficiências estruturais de todos os sistemas de informação, no autual estágio de conhecimento. Para remover estes limites, será preciso avançar muito na direção de técnicas de Representação do Conhecimento e Inteligência Artifical, o que o leva a considerações mais genéricas sobre as próprias limitações do computador enquanto tecnologia de processamento da informação. Atualmente os GIS oferecemferramentas que permitem a expressão de procedimentos lógicos e matemáticos sobre as variavéis georeferenciadas com uma economia de expressão e uma repetibilidade impossíveis de alcançar em análises tradicionais. Os atuais sistemas são fortemente baseados numa lógica "cartográfica" do espaço, exigindo sempre a construção de "mapas computacionais", tarefa sempre custosa e nem sempre adequada aoa entendimento do problema em estudo.
   É importante buscar técnicas que permitam aproximar dimensões parciais desta visão, sendo necessário utilizar abordagens quantitativas, baseadas em técnicas como Sistemas Dinâmicos, Ontologias e Representações de Conhecimento, sem perder de vista que estes modelos serão sempre aproximação reducionistas da realidade geográfica.
Bibliografia: CÂMARA, Gilberto; MONTEIRO, Antônio Miguel Vieira; MEDEIROS, José Simeão de. Representação Computacionais da Espaço: Um Dialógo entre a Geografia e a Ciência da Geoinformação. Divisão de Processamento de Imagens, Institudo Nacional de Pesquisas Espaciais (DPI/INEP).


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MILTON SANTOS: POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO - A DE TODOS. 
Escrito por: Délio Mendes. Professor Dr. do Departamento de Sociologia da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP
   Para o mundo intelectual brasileiro entrou em encantamento um dos seus principais pensadores. E se encantou em plena produção, no seu momento mais fértil. Produzia uma crítica à globalização considerando que a mesma tem sido levada a efeito do ponto de vista do capital financeiro. Propunha uma outra globalização. Intelectual estudioso do espaço e do tempo, compreendeu, em seu tempo, o espaço como produção do homem na relação com a totalidade da natureza e a intermediação da técnica. Técnica que corresponde a um tempo determinado pela produção dos homens.
   Homem do seu tempo, Milton Santos se fez presente em todos os grandes embates intelectuais da última metade do século passado. O seu tempo e o seu espaço foram o tempo e o espaço da globalização. Que ele queria que fosse outra. Ou melhor, a outra, a globalização de todos os excluídos, resgatados em uma sinfonia de humanização. Milton se fez maestro da paz e da felicidade. Felicidade de todos. Buscou uma globalização que unisse todas as mulheres e todos os homens, sob égide do encontro.
   Por uma outra globalização apreende o papel dos intelectuais. Todos trabalhando a ampliação desta mais valia. Trabalhando para ampliar a produtividade como se este fosse um trabalho abstrato, e não a produção de urna vantagem para o capital. É preciso reconhecer este momento e a sua peculiaridade. A de ser um momento para o capital. E todas as ações movem-se na direção do reproduzir para os ricos. Entretanto, se esta é uma constatação, não é, felizmente, uma fatalidade. Milton nos aponta para um outro conhecimento. Para a possibilidade de conhecer, para a liberdade do ser humano. Para modificar o mundo. Para que o conhecimento se produza no interior da crítica, sem abstrações alienantes, sem reconhecimentos incompletos que produzem falsas compreensões e encobrem os verdadeiros dramas sociais. E assim, pode-se evitar a espera para que cresça o bolo, evitando a indigência de uma quantidade grande de seres humanos.
   A informação nem sempre se propõe a informar, e sim a convencer acerca das possibilidades e das vantagens das mercadorias. "O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.” A contradição se faz e se refaz na impossibilidade de se produzir, de imediato, uma informação libertadora. A alienação é a face que brota aguda da globalização financeira, da globalização do dinheiro. Encanta-se o mundo. O princípio e o fim são o discurso e a retórica. Então o que fica para o ser comum é a farsa do consumo. Não há referência à transformação do espaço e do tempo. O homem consumidor caminha no espaço do desconhecimento do mundo relacional e do falso e alardeado conhecimento do mundo das mercadorias. O fetiche, como e desde sempre, se realiza no ocultamento do valor de troca e no falso evidenciamento do valor de uso.
   É a utilidade que aparece, e que é proclamada em todo o universo informacional. Fala-se ao peito sangrando das mulheres e homens que não são consumidores. Para a competitividade, tem-se de chamar os consumidores, tem-se que oferecer o melhor, o mais barato, produzido desde a produtividade aumentada pelo trabalho dos intelectuais. Tudo para melhorar a competitividade.
   A cidadania se torna menor do que sua percepção. O cidadão pretende transcender o seu espaço primitivo. Todavia, o mundo, expresso desigualmente, não tem como regular os lugares em suas diversidades e, por conseqüência, a cidadania se faz menor. A desigualdade aponta a impossibilidade da generalização da cidadania.
O espaço é esquizofrênico na expressão da exclusão social. Uns homens sentem-se mais cidadãos do que outros. Mas estes homens são apenas consumidores, pois a cidadania depende de sua generalização. Não existem cidadãos num mundo apartado. Não se é cidadão em um espaço onde todos não o são. São consumidores os que expressam direitos e deveres no âmbito do mercado e não no âmbito do espaço público, onde a política é realizada e o poder distribuído. Portanto, este é um mundo de alguns consumidores e poucos, pouquíssimos cidadãos. É preciso construir a cidadania.

Bibliografia: MENDES, Délio. Revista Política Democrática. Brasília,  Ano 1, n.2, p.191-197, 2001.
 
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Geotecnologias Digitais no Ensino Médio: Avaliação prática de seu potencial.
   A informatização está sendo introduzida na educação básica; contudo, ainda são limitadas, no País. As informações dos alunos e professores forneceram indicadores e orientações quanto à incorporação de novas tecnologias para melhoria do ensino médio, em particular, na escola pública.

Bibliografia: DI MARIO, Angelica Carvalho. Geotecnologias digitais no ensino médio. Rio Claro, 2004

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A Geografia no Ensino Médio
   A educação para a cidadania é um desafio para o ensino médio, e a Geografia é uma das possibilidades e o seu conteúdo pode ser trabalhado de forma que o aluno construa sua cidadania.
   Estudar o mundo, as configurações territoriais, a organização do espaço e a sua apropriação pelos diversos povos, as lutas para tal, os interesses políticos e as formas de tratar a natureza, se põem como conteúdos que permitem e podem envolver três itens abordados pelo autor, colocados com base para uma educação para a cidadanaia.
   A Geografia, vista por dentro por quem trabalha com pesquisas e ensino, se apresenta como uma disciplina extrema e perigosasmente ideológica. Onde o professor de Geografia trasmite por meio dos temas com os quais trabalha, a hegamonia de uma cultura, de uma sociedade com sua economia que, não raro, critica e quer condenar. Mas, na prática, exerce fundamentalmente o exercício de ajustar o índividuo ao meio, muito embora não concorde e nem queira assim.
   O exercício da cidadania deve-se dar inclusive no interior da sala de aula. É necessário situar o conhecimento escolar como integrante de um universo maior do conhecimento e conseguir perceber em que medida ele expressa e veicula interesses particularixados. A forma de como o conhecimento já é seletiva e, acrescida de conteúdos tratados, a delimitação e seleção que é dada a eles, está embutida de príncipios ideológicos que na maioria das vezes passam desapercebidos.
   O estudo da Geografia na escola, atua mais para obscurecer o sentido do território nas nossas vidas, no que diz respeito às formas que assumem as relações que ocorrem na sociedade e aos resultados dos avanços tecnólogicos e exercitar a sua cidadania.
  A relação do indivíduo com o seu meio, a compreensão do espaço construído no cotidiano, os microespaços que são os territórios do indivíduo, da família, da escola, dos amigos, devem ser incorporados aos conteúdos formais que as listas de Geografia contém. Estes aspectos vão permitir que se faça a ligação da vida real concreta com as demais informaçãoes e análises.
   Entender vários fenômenos que acontecem no mundo e no Brasil e que se materializam em paisagens diversas, é buscar as explicações para as relações sociais que acontecem, é entendê-las situadas num âmbito maior e explicativo da realidade atual.
   O grande desafio é tornar as coisas mais concretas e mais reais. Um ensino conseqüente deve estar ligado com a vida, ter presente a historicidade da vidas individuais e dos grupos sociais, com um sentido para buscar o conhecimento existente e conseguir produzir conhecimento próprio.
   Porém, é importamte ter noção de que não é uma lista de conteúdos que se deve ter, mas idéias e objetivos que se constituam em elementos básicos que englobem aonde se predente chegar, de que forma e com que caminhos e daí definir quais os contéúdos e o nível de informações que servem para instrumentalizar os interesses definidos.


Bibliografia: CALLAI, Helena C. A Geografia no ensino médio. Terra Livre. N. 12. São Paulo: AGB, 1999, p. 56-89.