Quem somos nós!

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento". (Clarice Lispector)

Organizadores

Gisele Geane Diniz


Jairo Almeida de Morais


Luciana Machado Benites


Michael Pereira de Souza


Acadêmicos do 7º semestre, do curso de Geografia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados.


Sugestões para Leitura

O espaço Urbano
A cidade não é apenas espaço das construções de concreto. É, antes de tudo, o espaço privilegiado em que as relações sociais e cotidianas se desenrolam e, mais que isso, se revelam - seja, por exemplo, nos muros altos erguidos pela classe média e no sobressalto das esquinas com carros de vidros fechados, seja na segregação nem sempre explicitada, mas real, dos shoppings-centers, das lojas e das casas de diversão. Este livro faz reflexões sobre a cidade e o urbano, propondo novas e instigantes análises a respeito do tempo e do espaço na metrópole. Longe de fornecer soluções prontas e acabadas, o livro é um convite ao debate, o que o torna imprescindível a todos aqueles - geógrafos, arquitetos, sociólogos, planejadores urbanos etc - que se debruçam a pensar os caminhos e descaminhos da cidade nos dias de hojeCARLOS, Ana Fani Alessandri. O Espaço Urbano: novos escritores sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2004.
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O livro do professor Milton Santos nos leva a ver a globalização por um outro prisma que não é definitivamente pessimista como também não é definitivamente um prisma otimista. O livro “Por uma outra globalização” nos leva de fato a entender a globalização como uma “outra globalização” no sentido de que é possível transformar o que hoje esta aí. A realidade não é um fato dado, mas uma construção contínua que tem re-arranjos diários e semanais e daí a intensa força que o sistema faz para manter o curso das coisas.
Dentro deste contexto a primeira coisa que Milton Santos vai nos alertar é sobre o mundo enquanto ideologia. A ideologia não cria nada, mas ele é uma arma poderosa para manter o curso das criações efetivadas por certos grupos sociais. Daí a expressão usada pelo autor “o mundo como fábula”. A construção desta fábula é feita diariamente e incessantemente e o principal agente desta construção miraculosa é a mídia e os sistemas de comunicação. É através da mídia que o sistema ganha impulso tanto em questão de consumo, quanto de aceitação e tanto quanto de normalidade.
Hoje política, mercado e mídias são tão integrados que pode se afirmar que eles formam um único sistema: o meio técnico científico informacional. A chamada unicidade técnica permite o inter-relacionamento de diversos modos de produção, a mídia a convergência de momentos e o capitalismo global o motor único. A convergência entre esses elementos se dá em cima do capital (do dinheiro) produzindo a chamada “tirania do dinheiro” que também é uma tirania da informação. O capital regrando, confabulando e se mesclando com toda a sociedade tanto em termos materiais quanto em termos ideológicos. É esta integração profunda do cerne da sociedade com o capitalismo que tem gerado a chamada competitividade.
 
Por Uma Outra Globalizaçao.
Do Pensamento Unico A Consciencia Universal.
Autor: SANTOS, MILTON
Editora: RECORD
Assunto: GEOGRAFIA
Leiam o livro, vale a pena!!
Você, poderá encontrar, nos 
links fornecidos no Blog.

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  “Meios” é um termo antigo em muitos sentidos. Um “meio” é um agente de transmissão em sentido estrito. Os antigos achavam que o universo era formado por meio do éter. Para que se entenda melhor: o ar ou a água é um meio. Nesse sentido, um meio de transmissão - ou comunicação - é um agente neutro. Entretanto, pode-se observar facilmente que, apesar de seu estado aparentemente objetivo, a natureza de um meio determina o tipo e a qualidade da informação que pode passar por ele.
O uso moderno apropriou-se do termo com o significado de meios de comunicação. Ainda que atualmente considerássemos o livro ou a imprensa como meios, o termo tomou relevância com o surgimento da comunicação a longa distância mediante a tecnologia - ou a telecomunicação. No decorrer do avanço da tecnologia, cada nova geração de meios de comunicação trouxe consigo sua carga de utopias de criação de espaços públicos de interação participativa entre cidadãos informados usando o direito à palavra. Todo novo meio de comunicação constitui, ao mesmo tempo, o ponto de disputas entre lógicas societais a cargo do Estado, do mercado e da sociedade civil. Historicamente, as lutas pela liberdade de imprensa, e a liberdade de expressão que ela implicava nesse momento, estimularam e participaram das grandes batalhas democráticas contra a censura, os direitos humanos, a escravidão, etc. Estas lutas contribuíram em grande medida à elaboração e à fundação de nossas democracias e dos princípios e legislações que prevalecem atualmente em termos de direitos à informação e à comunicação. Ao mesmo tempo, conseguiram modelar uma intersecção de espaços mediáticos na qual coexistem diversas formas de meios de comunicação e instituições mediáticas.
Tradicionalmente, as reflexões sobre os meios de comunicação centralizam-se na capacidade das instituições midiáticas e das tecnologias de comunicação de desempenhar um papel na democratização das sociedades, na criação de uma esfera pública mediante a qual as pessoas possam participar de assuntos cívicos, no destaque da identidade nacional e cultural, na promoção da expressão e do diálogo criativo. Por isso, os debates sobre as diferentes formas de censura e a propriedade dos meios de comunicação sempre formaram parte das agendas de trabalho. O sentido das perguntas propostos pelas lógicas do mercado assim como do Estado é mais de como constituir uma via para a publicidade, gerar benefícios financeiros para os acionistas e servir de instrumentos de propaganda e controle social e ¬político.
No modelo de mercado livre, o Estado cria ambiente em que as empresas dos meios de comunicação gozam de plena liberdade para operar comercialmente; o acesso ao mercado, em alguns setores como a radiodifusão, segue controlado fundamentalmente mediante concessão de freqüências de transmissão, enquanto a área da imprensa escrita fica aberta a qualquer pessoa que disponha dos recursos para ter e operar um meio de comunicação. No modelo autoritário, os meios de comunicação são considerados uma extensão da autoridade estatal.  Na verdade, em muitas sociedades, se não na maioria, os meios de comunicação funcionam segundo um modelo misto baseado numa combinação de dois ou mais dos mencionados. Na maioria dos casos, existe uma instância que dita e controla as regras de funcionamento nacional. Atualmente, todo o mundo reconhece que a lógica do mercado é a que predomina, impõe valores e condicionamentos sobre modos de produção e distribuição, acarretando maiores conseqüências sobre conteúdos e natureza da informação. Além disso, a recente revolução digital vem questionar os meios de comunicação com relação a sua própria ¬definição e redefine seu papel em termos completamente inéditos colocando-os em uma “sociedade da informação” que se esforça para delimitar.
A relação entre os meios de “comunicação” e a sociedade da “informação” surge assim sob a forma de uma dissociação contraditória de difícil explicação sem considerar a definição do projeto da sociedade da informação, o contexto no qual se evolvem os que constroem a sociedade da informação e os desafios propostos pelos avanços tecnológicos.
Situação atual: meios de comunicação globalizados
Uma análise da situação atual dos meios de comunicação, sobretudo nesta época de globalização, ilustra os novos desafios que novamente situam o papel dos meios de comunicação dentro de uma sociedade de saberes compartilhados.
É necessário destacar que, no contexto da globalização neoliberal, a informação “digital” transformou-se em uma mercadoria a mais circulando conforme as leis do mercado de oferta e procura.
Segundo esta lógica, os meios não estão vendendo informação aos cidadãos, estão vendendo os cidadãos aos publicitários. Assim, os conteúdos causam distorção da realidade, fortalecendo os estereótipos e reduzindo claramente a diversidade dos conteúdos distribuídos. Para exemplo - bastante utilizado - do resultado deste processo de desregulamentação nos últimos 30 anos podem ser citadas as declarações do chefe da Instância reguladora dos Estados Unidos, sob Ronald Reagan, em 1980, que em plena febre desregulamentadora declarou que a televisão era como qualquer aparelho doméstico, uma “torradeira com imagens.” E, como não se regulam as torradeiras, por que fazê-lo com a televisão? O certo é que a privatização e a liberalização que acompanham a globalização não produziram meios mais diversos e pluralistas.
Essa invasão da revolução da Internet e da era digital atraiu o setor da informação com a perspectiva de lucro fácil, uma pletora de industriais dos setores mais variados: eletricidade, informática, armamento, construção, telefonia, água. Edificaram gigantescos impérios monopolizando os meios de comunicação em poucas mãos e integraram de maneira vertical e horizontal os setores da informação, a cultura e o entretenimento, anteriormente separados, com o desenvolvimento de conglomerados onde o conhecimento e os conteúdos se transformam em uma nova mercadoria.
Estes conglomerados “de múltiplos meios” influem em todos os aspectos da vida cultural, social e política. Entretanto, sua própria lógica fez com que os meios de massa deixassem de funcionar como contrapoder. Os meios de comunicação de massa (rádio, jornais, televisão, Internet) realinham-se em função de uma vocação mundial, mas não de caráter nacional. O processo de concentração dos meios traduz-se como controle de uma grande variedade de meios em diferentes países e continentes. Por isso, não atuam como contrapoder no interior dos países.
Bibliografia: AMBROSI, Alaim; PEUGEOT, Valérie E PIMIENTA, Daniel. Desafios de Palavras: Enfoques Multiculturais sobre as Sociedades da Informação. Este livro foi publicado em 5 de novembro de 2005 por C & F Éditions.

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Esse livro "Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano" de Antonio Carlos Castrogiovanni (Helena Copetti Callai e Nestor André Kaercher) é um excelente material para compreender de forma mais profunda as mudanças conceituais da área de geografia. Este livro incorpora as mudanças trazidas por Milton Santos de uma maneira simples e prática. Em muitos momentos o livro pode parecer superficial, mas em termos de visão prática (visão para sala de aula) constitui-se um excelente guia. Agora para uso acadêmico e mais aprofundado fica devendo em termos de profundidade a abrangência dos conceitos.


Um dos trechos mais esclarecedores do livro (particularmente achei a melhor definição e explicação) é esse: "A evolução da forma de apreensão do espaço pela criança segue três etapas essenciais: a etapa do espaço vivido, a do espaço percebido e a do espaço concebido. Inicialmente a criança "vive o espaço". Somente vive. É o estágio do "aqui". O espaço vivido é o espaço físico. A criança vivencia este espaço a partir do movimento, da locomoção. Através do movimento, a criança começa a etapa da apreensão do espaço, ou seja ele (o espaço) passa a ser percebido. Começa então a questionar o espaço em que vive e começa a surgir um "distanciamento" da criança em relação ao espaço vivido". Ela descobre que não esta mais somente "aqui", mas "ali" e "lá". Começa a analisar o espaço não apenas através do movimento, mas já através da observação". Essa mudança é fundamental principalmente para a Geografia, pois introduz a criança no mundo das paisagens" (página 24)
Em outro trecho ele cita a alfabetização espacial
"Por alfabetização espacial" deve ser entendida a construção de noções básicas de localização, organização, representação e compreensão da estrutura do espaço elaboradas dinamicamente pelas sociedades"
Enfim é um livro que trás para o cotidiano da sala de aula uma nova linguagem geográfica que ainda esta ausente da maioria do repertório dos professores de geografia


Bibliografia: CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos, (Helena Copetti Callai e Nestor André Kaercher). A questão do livro didático em geografia: Elementos para uma análise. In: Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Antônio Carlos Castrogiovanni (org). Porto Alegre: UFRGS / AGB, 1999.